RAIO-X DA CICLOVIA NA BAIXADA

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38744873_9e15bc0c92A região da Baixada Santista, litoral de São Paulo, vem adotando nos últimos anos projetos em prol dos ciclistas. Tanto na revitalização da rede cicloviária, quanto na ampliação da infra-estrutura na região. Há também programas incentivadores ao uso diário das bikes.

Hoje, são cerca de 190 km de vias especiais ao ciclista, distribuídas pelas nove cidades que compõem a Baixada Santista, e o mais importante é que de acordo com o Plano Cicloviário Municipal – PCM, criado pelas prefeituras juntamente a AGEM (Agencia Metropolitana da Baixada Santista), este número deve dobrar e chegar a 400 quilômetros até 2011.

Os objetivos dessa iniciativa são diversos. Enquanto alguns prezam pelo meio ambiente, fazendo diminuir o uso de automóveis para locomoções curtas, outros se preocupam com o bem-estar promovido pelo exercício físico, evitando doenças adquiridas pelo sedentarismo. Para a sociedade, aumenta a acessibilidade ao transporte e cria-se o costume de compartilhar um bem. Diluindo assim o congestionamento e proporcionando a população uma forma mais barata de circulação urbana.

Santos

Passe Você Também Por Aqui

Por Juliana Paloschi

 

Juliana Paloschi O estudante de Engenharia Eletrônica Adan Felipe de Oliveira, de 23 anos, mora no Guaiúba, no Guarujá. A bicicleta tem sido o seu meio de transporte para ir à universidade. Com ela, faz 16 quilômetros diariamente (ida e volta). O transporte tem sido uma alternativa mais barata, já que para ir estudar Oliveira precisa enfrentar a balsa. “Vou todos os dias de bicicleta para Santos. É um meio econômico, pois não pago a balsa, além de ser mais rápido”.

A cidade de Santos – onde Felipe de Oliveira estuda – tem atualmente uma infraestrutura cicloviária de aproximadamente 20 quilômetros. Por ela, os ciclistas têm acesso aos 12 bairros da cidade: da Zona Leste ao Cais, no eixo formado pelas avenidas Francisco Glicério e Afonso Pena, que liga o Canal 1 ao Porto. Na Vila Mathias, localizada na Avenida Rangel Pestana, que faz a ligação da Avenida Ana Costa à Rua Brás Cubas. E, por fim, na entrada da cidade, a ciclovia que liga a Zona Noroeste ao Centro Histórico, a mais antiga do município. Com isso, a cidade obteve por dois anos seguidos (2007 e 2008) o título de Cidade Amiga da Bicicleta.

 Segundo o presidente da Comissão de Assuntos Cicloviários de Santos (Ciclosan), Rubens Braga, a importância das ciclovias santistas se faz pelo fato de milhares de pessoas vindas de cidades vizinhas, circularem diariamente em Santos. “De acordo com pesquisas, cerca de cem mil bicicletas invadem a cidade e utilizam a rede cicloviária santista todos os dias. Aproximadamente 40% deste total vêm do município de Guarujá, 30% de São Vicente, 20% de Praia Grande e 10% de outras cidades. Digamos, a ciclovia de Santos é a ciclovia de todos”.

Braga lembra que predomina o perfil de ciclistas trabalhadores e, por isso, faz com que as prefeituras da região já comecem a pensar em medidas que adiantem a ampliação da rede cicloviária. “É impossível calcular o número real de bicicletas na orla da praia em todos os períodos do dia, já que agora mesmo quem possui carro começou a deixá-lo em casa. Porém, podemos analisar as lotações das bicicletas na praia e no Centro, bem como os congestionamentos na divisa entre Santos–São Vicente, além da lotação na balsa Santos–Guarujá. Portanto, ou se amplia a rede ou a própria terá uma super lotação no futuro.”

O interessante é que os próprios santistas utilizam-se menos a ciclovia, como meio de transporte ao trabalho, do que os moradores das demais cidades. Braga acredita que este fato se deve à questão econômica. “A maioria dos santistas usa suas bicicletas para o dia a dia urbano, mas não unicamente para isso. Diferentemente das outras cidades que tem suas ciclovias vazias nos fins de semana e congestionadas de segunda a sexta. É tudo uma questão financeira, já que Santos conta com uma população mais forte, economicamente falando”.

De acordo com o chefe de Departamento de Vias Públicas de Santos, Antônio Luiz Rosas Neto, um dos projetos que a Prefeitura pretende firmar é o da ampliação da malha cicloviária. “As próximas ciclovias que deverão surgir em Santos são as do Canal 1 (ligando a orla da praia ao Centro), na Avenida Ana Costa (canteiro central), no Canal 5 e no Canal 6”. Segundo ele, a intenção é totalizar nos próximos três anos uma rede cicloviária superior a 42 quilômetros, mais que o dobro da atual.

“A implantação de ciclovias – entendidas como vias de tráfego preferencial de bicicletas e congêneres – traz inegáveis benefícios ecológicos, economia aos usuários que utilizam este meio de transporte para o trabalho e lazer. “A topografia de Santos também favorece esse tipo de transporte”, diz Rosas Neto.

Santos tem um grande número de ciclistas que circula por seu sistema viário diariamente, onde boa parte dessa população utiliza as ciclovias e ciclofaixas apenas como condução para o trabalho. Essa é a rotina de muitos trabalhadores, como a do estivador Antônio Oliveira, de 42 anos, que faz o percurso do Estuário, até o Porto de bicicleta. 1

Segundo o estivador, ele acorda todos os dias bem cedo para poder ir trabalhar, afinal é uma maneira menos estressante e muito mais econômica, diz o estivador: “Dinheiro para ter um carro, não tenho. Poderia ir de ônibus, mas também gastaria bastante ao fim do mês, portanto, com a bicicleta ajudo minha saúde, meu bolso e, até mesmo, o meio ambiente. Então todo dia sigo meu caminho, pedalando”.

Antônio Oliveira garante que com a revitalização das ciclovias santistas, bem como a ampliação delas fez com que muitos trabalhadores aderissem ao veículo não motorizado. “O trabalhador quer sossego. Claro que um carro é bom, mas se não podemos ter ou manter um, devemos buscar alternativas. A bicicleta é uma solução prática e barata, o único problema é a segurança, já que sem as ciclovias fica bem mais difícil andar nas ruas e avenidas, pois disputamos espaço com ônibus, caminhões, motos e carros, sendo que poucos nos respeitam”.

Diariamente, cruzam o estuário cerca de quatro mil ciclistas vindos do Guarujá. O fluxo é ainda mais intenso no período da manhã, quando as balsas trazem os ciclistas, que na sua maioria se dirigem as avenidas da praia e Porto.

Ciclovia da Av. Afonso Pena / Glicério

Ciclovia da Avenida Afonso Pena / Glicério

Esse é o dia a dia da diarista, Maria Aparecida da Silva, de 40 anos, que mora no Canal 1, e acorda todos os dias às 5h30 para ir trabalhar como faxineira, no Centro de Santos. Segundo ela, é uma rotina cansativa, mas optou pela bicicleta como meio de transporte para reduzir gastos. “Por três anos ia a pé até as casas que trabalhava e depois do serviço voltava de ônibus, chegava em casa totalmente morta. Portanto, a bicicleta existe para salvar a minha vida. Sem ela eu teria de fazer tudo isso até hoje, isso é se eu ainda estivesse viva”, brinca Maria Aparecida. 

Além de conter um grande fluxo de trabalhadores, as ciclovias de Santos também são locais de descanso e de exercícios, principalmente nos fins de semana. O aposentado Joaquim Santos, de 70 anos, faz suas pedaladas diárias pela orla da praia todos os fins de tarde. Ele conta que além de se exercitar isso faz com que relaxe: “Andar de bicicleta na praia me traz paz e muita tranquilidade. Só em poder olhar o mar e ter ele de companheiro é animador”.

Joaquim Santos veio de São Paulo há dez anos, com o objetivo de fugir do caos paulistano e diz que optou pela cidade por esta proporcionar uma melhor qualidade de vida: “Trabalhei 25 anos em São Paulo, não aguentava mais congestionamentos, poluição, insegurança, tumultos e uma infinidade de coisas. Meu carro, por exemplo, praticamente o aposentei, já que aqui posso fazer quase tudo a pé, de ônibus ou de bicicleta”.

Na orla da praia, existe a maior das ciclovias em Santos com aproximadamente oito quilômetros, indo da divisa com São Vicente até a Ponta da Praia, na faixa portuária. A pista atravessa sete bairros, onde também é permitido que se desfrute de ar puro e uma linda vista para o mar, além de pontos turísticos e marcos históricos.

A malha cicloviária da orla liga as cidades de Santos e São Vicente pelo Itararé. Segundo a AGEM, a idéia é até 2011 interligar as oito cidades: Santos, Guarujá, Cubatão, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaem e Peruíbe. Tornando-se assim, a maior ciclovia intermunicipal do País.

Dê uma volta pela ciclovia de Santos

 


São Vicente

 Pobre Rotina

Por Aline Motta

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Ciclovia do Gonzaguinha beneficiará 40 mil ciclistas

Bem cedo, logo que o sol se põe – ou até mesmo nos dias de chuva –, o trabalhador vicentino tem como rota obrigatória as ciclovias da cidade. Ao contrário daqueles que desfrutam do equipamento como lazer ou esporte nos fins de semana, 35 mil ciclistas passam todas as manhãs pela orla de São Vicente em direção a Santos e demais municípios da região, para irem a seus locais de trabalho. Em vez de garrafinhas de água e apetrechos na cargueira da bicicleta, ali estão marmitas, roupas e ferramentas para mais uma jornada em troca de baixos salários.

Em razão do grande número de ciclistas nas ciclovias, moradores de São Vicente vêm oferecendo estacionamento nas garagens de suas residências para os ciclistas trabalhadores como forma de aumentar a renda. No decorrer do trecho entre a Linha Amarela e a Avenida Antônio Emmerich estão espalhados cartazes para divulgação de serviços como locais para guardar bicicletas e serviços de bicicletaria.

Dono de um estacionamento, Marcelo Vasques Barreiro abriu o lugar há um ano por causa daqueles que trabalham no Centro. Ele conta ter tido sorte pelo lugar ser próximo a nova ciclovia, pois acaba aproveitando o movimento diário. “Felizmente, as pessoas perceberam que a bicicleta é um ótimo veiculo”.

Barreiro também fala da discriminação que sofrem as pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte: “Os estacionamentos grandes não querem pegar essa responsabilidade”. No seu estacionamento de bicicletas o valor é de R$ 0,25 por uma hora e R$ 1,00 a diária. “É pouco, mas ajuda bastante”, diz.

O comerciante garante ainda a qualidade de seu estacionamento, mesmo com as dificuldades do dia a dia: “Para conseguir uma maior satisfação de nossos clientes, fazemos um atendimento rápido, damos a ele uma ficha numerada e ele entrega a bicicleta ao manobrista. Como sabemos que trabalhamos com um público que nem sempre tem dinheiro, quitamos a conta se ele indicar nosso estacionamento para mais uma pessoa. Assim é que ganhamos a clientela”.

Apesar do aumento nas vendas de veículos automotivos, nos últimos anos a realidade do trabalhador brasileiro continua difícil, pois o fato das vendas terem aumentado no País não interferiu no aumento da utilização das bicicletas como meio de transporte. Hoje, em São Vicente, são cerca de 60 mil.

O panorama não é diferente para Barbara Souza que com a sua Caloi 10 e a filha na “cadeirinha” segue todo dia para o trabalho. Para ela, a implantação da malha cicloviária ajudou muito na rotina do seu dia a dia. “A ciclovia me ajudou bastante, pois antes da sua implantação era muito mais perigoso o trajeto de quem usa a bicicleta como meio de transporte. Principalmente para mim, que ainda trago minha filha de 3 anos comigo”.

Barbara conta que começou a usar a bicicleta como meio de transporte quando a situação financeira em sua casa apertou. “Percebi que os R$ 5,60 que eu gastava de condução por dia estavam fazendo falta no fim do mês. Sou mãe solteira e para cuidar sozinha de três filhos cada centavo economizado é uma grande ajuda”.  Desde então, ela não usa mais o ônibus e segue todos os dias de São Vicente a Santos para trabalhar com a bicicleta.

A rotina de não utilizar o transporte coletivo para economizar o dinheiro da condução já é considerado uma realidade de muitos trabalhadores. Hélio Martins, de 30 anos, também adotou a bike no seu dia a dia: “Há mais de seis anos eu saio da Vila Margarida para o Mercado Municipal, em Santos. De segunda a sábado, faça chuva ou faça sol, pedalo a caminho do meu trabalho. Não consigo me imaginar pegando ônibus. Aliás, simplesmente odeio depender deles, isso aliado a seu alto custo”. Para ele, a interligação de Santos–São Vicente por meio da ciclovia é uma ótima iniciativa. “Agora, só falta fazer uma ciclovia interligando a área continental inteira com as demais ciclovias”, diz.  

São Vicente atualmente está com 14 quilômetros de ciclovias, interligando os bairros do Parque das Bandeiras ao Jardim Rio Branco; Quarentenário à ponte A Tribuna, da divisa da Praia Grande até a Ponte Pênsil, e da Ilha Porchat até a divisa de Santos. No momento, está sendo construída a ciclovia do Gonzaguinha, que terá 2.411metros de extensão, entre a Ponte Pênsil e a Praia do Itararé, o que facilitará o acesso dos ciclistas neste trecho, ligando a orla de Santos à Praia Grande. A ciclovia receberá investimentos de R$ 435.758,00, liberados pelo Fundo do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb). O prazo estimado para a conclusão das obras e de oito meses a um ano.

Para o prefeito de São Vicente, Tércio Garcia, a obra vai permitir a interligação das ciclovias da região: ”Assim, um ciclista, na região metropolitana, por exemplo, poderá sair de Peruíbe ou Itanhaém, percorrer toda a Praia Grande, São Vicente e depois chegar a Santos. Indo com segurança até a balsa ou o Porto, podendo inclusive continuar pelo Guarujá através da ciclovia da Avenida Adhemar de Barros. É uma melhoria para todos que usam a bicicleta”. 

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Com chuva ou sol, ciclistas seguem pela cidade

Segundo a assessoria da Prefeitura de São Vicente, a implantação das ciclovias deverá zerar o número de acidentes envolvendo ciclistas, motoristas em geral e pedestres na região, já que apenas com a rede cicloviária atual o número de acidentes vêm caindo radicalmente. Mas deve-se lembrar que a conscientização e o cuidado vão além das ciclovias.

“Logicamente, a ciclovia sozinha não acaba com os perigos no transito. Há também, programas oferecidos pela prefeitura que expliquem a educação no transito urbano às escolas municipais, além de orientações aos motoristas nos principais cruzamentos da cidade, em épocas de temporada e feriados prolongados. Pedimos também o cuidado e a conscientização com o próximo”, informa a assessoria da prefeitura.

Há também o projeto que prevê a interligação das ciclovias nos bairros de Samaritá, Rio Branco, Linha Vermelha e Avenida Prefeito José Monteiro e Antonio Emmerich; passando dos 14 quilômetros atuais para 40 quilômetros de vias exclusivas destinadas às bicicletas. A conclusão do projeto está estimada para o inicio de 2011.

Acompanhe a rotina de milhares de ciclistas que lotam a divisa entre Santos e São Vicente


Praia Grande

Só Falta a Bicicleta

Por Rafael Pereira

 

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Maior malha cicloviaria da região, possui pouco movimento nas principais vias da cidade

O pedreiro Luis Carlos dos Santos, de 50 anos, comprou uma bicicleta a fim de tentar conseguir uma renda extra. Quando está sem serviço, atravessa toda a malha cicloviária da cidade onde mora, vendendo mangueiras que carrega na bicicleta dentro de duas cestas. Ele lembra a dificuldade que era o seu trabalho antes da instalação das ciclovias. “Eu trabalhava a pé, carregando as mangueiras nas mãos, e no final do dia chegava morto em casa, com constantes dores no ombro e nos braços”.  

 

A cidade em que o pedreiro mora é Praia Grande. O município tem hoje 64 quilômetros de ciclovias, possuindo duas vezes mais pistas exclusivas do que a cidade de São Paulo, e é a maior malha cicloviária do Estado. Além disso, possui o maior percentual de infraestrutura do País: são 31,38 centímetros de malha cicloviária por habitante.  São 93 mil moradores utilizando a bicicleta, de acordo com os dados divulgados pela Secretaria Estadual de Transporte. Isso representa 42% do total de habitantes, ao todo 220 mil.

Não importa o destino, os ciclistas de Praia Grande têm várias opções para chegar aonde querem – em qualquer zona, bairro e avenida lá estão as ciclovias instaladas nas principais avenidas da cidade: Ayrton Senna, Castelo Branco, marginais Ministro Marcos Freire e Roberto Almeida Vinhas, além das avenidas São Paulo e Trabalhador. 

E a Presidente Kennedy, maior e mais famosa avenida do município? Exatamente ali está em construção a maior ciclovia da cidade, ligando toda a sua extensão de 22 quilômetros. Aliás, a nova ciclovia será diferente das outras, isso porque ficará instalada no centro da avenida. As obras fazem parte do projeto Nova Kennedy.  Além de ciclovias, o projeto inclui rotatórias em trechos de mais fluxo de veículos nos bairros da Aviação e da Vila Mirim, entre a primeira e a segunda zona do município.

O secretário de Obras Públicas, Luís Fernando Lopes diz que a previsão para o término das obras é o fim de 2010. Além dos 22 quilômetros, serão mais 100 km, em toda a malha cicloviária da cidade: “Teremos uma extensão de nove quilômetros do Boqueirão até a prefeitura e depois mais 13 até a divisa de Mongaguá. O primeiro trecho deve ser entregue até novembro e o segundo até novembro do ano que vem”.

Cem operários trabalham nas construções das novas ciclovias de Praia Grande. O projeto tem um investimento total de 26 milhões de reais, cujos recursos não vêm apenas da prefeitura. “Outra parte da verba é um repasse a que a cidade tem direito por intermédio do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias Balneárias. Como recebemos muitos turistas no verão, temos o direito de receber recursos para suporte de algumas obras”, ressalta Lopes.

Elaine Aparecida Fornaziere é formada em Pedagogia. Há dez anos trabalha na Secretaria de Trânsito e Transportes de Praia Grande e atualmente exerce o cargo de chefe do Departamento de Educação e Segurança no Trânsito. Sua missão é educar os ciclistas para que eles utilizem as ciclovias com cuidado ao invés das vias. Ela cria campanhas educativas, participa de fiscalizações e apreensões de bicicletas e coordena o curso Normas de Circulação para Ciclistas, destinado a quem é autuado pela fiscalização. “O objetivo é promover a segurança e a segurança é resultado da circulação correta nas ciclovias”, diz. Mas quem é autuado não é obrigado a fazer o curso. Pode optar pelo pagamento de uma taxa para retirar o veículo apreendido 

 

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Aos finais de semana movimento só é alto na orla da praia

Quem utiliza a bicicleta como meio de transporte não precisa só de segurança. Praia Grande implantou palmeiras nas ciclovias das avenidas marginais. “As palmeiras fazem sombra. Os usuários precisam de conforto, portanto a vegetação em torno das ciclovias também é importante”, diz Elaine.

 

Recém-formada em Publicidade e Propaganda, Lidiane Almeida de Souza, de 23 anos, gosta de passear com os amigos nos fins de semana. O meio de transporte que utilizam é a bicicleta. Ela anda de bike desde os 10 anos e conta que por causa da falta de segurança, na época andava somente nos quarteirões de seu bairro, na Vila Mirim: “As ciclovias facilitaram muito o acesso dos ciclistas, pois nos sentimos incluídos no trânsito e temos o nosso espaço em meio ao trânsito. Isso dá sensação de respeito e de segurança”. Atualmente, ela usa a ciclovia da orla da praia para as suas atividades de lazer.

Já a estudante de Turismo, Aline Vitiello da Silva, de 20 anos, utiliza as ciclovias das avenidas marginais e a nova na Avenida Presidente Kennedy. Ela também começou a andar de bicicleta aos 10 anos. Sobre as ciclovias diz: “Vejo isso como um beneficio, pois uma das grandes preocupações dos ciclistas é em relação à segurança. Muitos estão usando a ciclovia até para ir trabalhar fora da cidade. Se não tivéssemos as ciclovias certamente os acidentes de trânsito seriam mais frequentes”.

Para quem trabalha e tem bicicleta, utilizar as ciclovias de Praia Grande para chegar ao trabalho é uma maneira de economizar tempo e dinheiro. É o caso de Rafael Henrique Santos, de 17 anos. O patrulheiro da prefeitura passa pelas ciclovias das avenidas Ministro Marcos Freire e Ayrton Senna até chegar ao Litoral Plaza Shopping, na divisa com São Vicente. Aos sábados e domingos, ele diz que passeia pela orla da praia com sua bike. “Assim, consigo economizar tempo e, principalmente, dinheiro. E com um local especifico para as bicicletas, as ciclovias, os riscos de acidentes são mínimos”.

Pouca utilização da rede cicloviaria, marca Praia Grande. Veja:


Guarujá

 Cidade da Bicicleta

 Por Joyce Barbosa

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Cidade da bicicleta tem trafego intenso diariamente

Do personagem das histórias em quadrinhos, Thiago Vasconcelos, de 34 anos, tem só o apelido pelo qual seus amigos o chamam a caminho do trabalho: Cascão. No mais, ele é apenas mais um entre milhares de pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte por questões econômicas. “Sou peão de obra, o dinheiro que recebo do vale-transporte intero para pagar o aluguel”.

Morador de Vicente de Carvalho, o pedreiro recebe cerca de três salários mínimos por mês, para sustentar sua família de cinco pessoas. A esposa é cabeleireira, mas no momento está desempregada.

“Trabalho de bicicleta não porque gosto, mas sim por necessidade. Pedalo de segunda a sábado durante 50 minutos até chegar ao Jardim Acapulco, fazer o que né? Ganho pouco. Sou pedreiro, mas nunca sobra dinheiro para eu construir a minha própria casa, então o jeito é pagar aluguel, para isso trabalho de bike e vendo o meu cartão do ônibus” relata Vasconcelos.

Guarujá é a cidade da Baixada Santista que tem o maior número de bicicletas, cerca de 150 mil. Noventa mil delas cruzam diariamente ruas, avenidas, bairros e cidades. Esse número é quase um terço maior do que o de carros circulando no município, 70 mil.

Segundo a Dutra, Guarujá tem mais de 26 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas – faixas exclusivas para bicicletas na mesma pista dos automóveis. A perspectiva da atual administração é que sejam construídos mais 30 quilômetros até o fim de 2012. Com esses números, a cidade se tornará a segunda maior rede cicloviaria da Região Metropolitana da Baixada Santista , ficando atrás somente de Praia Grande. Os dados são da Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM).

Os períodos de pico na malha cicloviária é entre 6 e 7 horas e das 16 às 19 horas dos dias úteis. Nos 1, 8 mil metros de ciclofaixa da Avenida Adhemar de Barros chegam a circular por dia 16 mil ciclistas, que utilizam a travessia de balsas entre Guarujá e Santos. A maioria dos usuários são trabalhadores que utiliza a bicicleta como meio de transporte.

“Ir trabalhar de bicicleta é bom, barato e ainda cuido da minha saúde” Assim, o segurança André Rodrigues, de 27 anos, define o que acha do seu meio de transporte.

Sua bike é roxa enferrujada, de cano alto, sem breque, paralamas, bagageiro e descanso. É com ela que ele segue para mais uma jornada de trabalho. Sua corrida diária começa quando o relógio aponta 5h40. De sua casa até a travessia entre Vicente de Carvalho-Santos, ele não gasta nem dez minutos. O destino é o galpão nove do Porto de Santos, onde trabalha há seis anos.

“Me sinto com 100% de disposição durante o dia todo, peladar faz muito bem para minha saúde e ainda posso acorda mais tarde, já que com a bicicleta é mais rápido. Quando trabalhava de ônibus tinha que acorda às 5 e pegava duas conduções, uma da minha casa até a barca e outra da barca até onde trabalho”, diz.

Pergunto como ele faz para frear já que a bicicleta não tem breque. Ele responde sorrindo: “Quando preciso frear uso a sola do sapato mesmo. Sei que é perigoso, irei providenciar o reparo amanhã quando for ‘abastecer’ a minha magrela”. Utiliza o termo ‘abastecer’ brincando quando se refere a calibrar os pneus, relata que não equipa sua bicicleta por motivos de furto.

O segurança critica o departamento de trânsito, acha que é preciso dedicar mais atenção aos ciclistas que sofrem com a falta de sinalização nas ciclovias e ciclofaixas, além da falta de pavimentação: “É um absurdo em um cruzamento não ter sinalização para o motorista respeitar o ciclista, ainda mais agora que os radares não funcionam, os carros e motos não obedecem mais a sinal vermelho, nem os limites de velocidade, para cruzar uma via está um sacrifício, sem contar que há anos não é feito manutenção nas ciclovias”.

A engenheira de tráfego, Cleusa Braga, diz que a partir do segundo semestre deste ano começará a operação tapa buraco: “Em agosto, o departamento de trânsito irá fazer reparos e manutenção em toda a malha cicloviária do município, com prioridade para as de maior fluxo que são as avenidas Santos Dumont, Puglisi, Adhemar de Barros e Miguel Stéfano, na orla da Enseada”.

Um sacrifico diário, mas segundo ele necessário. Ricardo Soares, de 24 anos, sai todos os dias de bicicleta da Biquinha em São Vicente, com destino ao Forte dos Andradas, no Guarujá. O expediente do Cabo começa às 8h30, mas é necessário sair às 5 de casa para chegar a tempo. O exército fornece o auxilio de transporte, porém Soares não gasta com transporte para ajudar no pagamento de seu curso de logística. “Quando chega o final de semana estou exausto, mas se eu não fizer esse sacrifício não consigo pagar o meu curso no fim do mês”, diz.

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Ciclovias ajudam também o turismo do municipio

Apesar da maioria da população utilizar o equipamento, ainda é possível flagrar ciclistas que pedalam na contramão, em cima da calçada ou atravessando a pista sem prestar muita atenção. A maior ciclofaixa é a da orla da Enseada, com pouco mais de quatro quilômetros, mas ainda é pouco para alguns ciclistas que circulam em cima da calçada no lugar dos pedestres. Crianças com suas pequenas bicicletas, estudantes com suas mochilas nas costas, idosos e até os policiais faziam o patrulhamento de bicicleta em cima da calçada, passando pelos pedestres como se a ciclofaixa que esta ao lado da calçada não existisse.

Com sua bicicleta, de cinco marchas, com descanso e bagageiro, o aposentado Moacir Mendes, de 67 anos, anda despreocupado em cima da calçada na orla da Enseada, sendo que a menos de meio metro se encontrava a ciclofaixa. Para de frente a um grupo de rapazes que jogavam bola na praia, desce de sua magrela e senta-se no banco para apreciar. Aproximo-me e pergunto por que ele não utiliza a ciclofaixa. Ele responde muito sem graça: “Mas uso sim ‘filha’ é que fiquei andando em cima da calçada para escolher um lugar que eu iria parar, foi por isso”, explica Mendes. Desculpas à parte, o lugar certo do ciclista peladar é na ciclovia ou ciclofaixa. E se no local não tiver nenhum dos dois, o ciclista deve andar no lado direito na pista, sempre na mesma direção do fluxo de automotores.

Foi pensando na imprudência de alguns ciclistas que nos meses de junho a setembro será realizado um projeto de Educação no Trânsito. A campanha pretende atingir cerca de 50 mil habitantes nesses quatros meses; vão ser distribuídos panfletos com informações, para que os ciclistas obedeçam às leis de trânsito e assumam o seu papel de cidadão, evitando acidentes.

“Temos resultados satisfatórios com esse tipo de campanha que já foi realizado no município nos anos de 2000 e 2006, após a conscientização o número de acidentes reduziu nas principais malhas cicloviárias”, diz Cleusa Braga.

Respostas

  1. […] RAIO-X DA CICLOVIA […]

  2. NOSS VCS ESTÃO DE PARABÉNS…MUITO BOA A MATERIA….

  3. Parabéns aos governantes do litoral por estarem cada vez mais ampliando e investindo nas ciclovias , quem dera um dia São Paulo tb tivesse ciclovias, pelo menos nas principais avenidas, na certa muitas pessoas iriam ao trabalho de bike e essa cidade não seria tão poluída e congestionada.Excelente a matéria, vcs estão de parabéns

  4. Parabéns ao Senhor Antônio, referente à reportagem “Passe também você por aqui” por Juliana Paloschi, onde o referido, com 70 anos de idade ainda faz exercícios diários com sua bicicleta na malha cicloviária de Santos.

  5. Ótimo post!


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