A “Bicicletanda do japonês”

Por David Moreira

Quitanda é um local onde se vendem frutas, legumes, verduras, ovos. Certo? Errado! Pelo menos na “Quitanda do Japonês” não é bem assim. Ali tem tudo o que um comércio desses costuma ter e mais: aros, pneus, guidão, peças e demais acessórios de bicicleta. Isso porque essa quitanda é mais do que uma quitanda: é uma bicicletaria! Portanto, uma “bicicletanda”.  

Localizada na rua Evaristo da Veiga, no bairro Campo Grande, o local impressiona pelo inusitado. No meio de batatas, tomates, couves, beterrabas, laranjas, sabão em pó e doces você encontra bicicletas penduradas no teto. Tudo começou quando Alberto Hamanaka, o japonês, estava em uma roda de amigos. Ai conversa vai, conversa vem, derrepente surge a idéia de abrir a bicicletaria.

Observando a região do Campo Grande, o comerciante constatou que não havia bicicletarias nas proximidades e embarcou na idéia de investir numa. Formado em Administração de Empresas pela Escola Superior de Administração de Negócios de São Paulo – que hoje é o curso de administração da FEI –, ele contabilizou a queda nas vendas da quitanda, mas não na renda dos clientes. Por isso, viu que a bicicletaria seria um bom negócio.

Ex-dono de supermercado e ex-bancário foi a São Paulo conhecer melhor sobre o universo das bicicletas. Visitou o Salão Duas Rodas 2007, no Centro de Exposições Imigrantes. Resolveu comprar o compressor e as peças necessárias para começar o negócio. Por sorte, o seu funcionário da quitanda entendia de bicicletas. Aos poucos, Hamanaka foi conhecendo o seu novo ramo de negócios. Hoje, faz os orçamentos, conhece todos os mecanismos, regula os câmbios, enrraia e desempena rodas.

A bicicletaria fica ao lado da quitanda. Mas as peças, aros, bancos, pneus e outros acessórios disputam espaço na quitanda com as verduras, frutas e hortaliças. No período da manhã, de mais movimento na quitanda, a bicicletaria fica fechada. Abre no período da tarde. O funcionário José Carlos XXXXX, de verdureiro passa a mecânico. Os clientes do comércio são bem definidos: donas de casa para a quitanda e homens para a bicicletaria. “Mas o fluxo de clientes da oficina vem principalmente da rua, dos passantes que vêem a placa”, ressalta Hamanaka.

Filhos de imigrantes japoneses, nascido há 49 anos em Guararapes, interior de São Paulo, ele em nenhum momento se arrepende de ter aberto a bicicletaria. “É um ótimo negócio, se eu tivesse condições de investir, com certeza ampliaria a bicicletaria e fecharia a quitanda. Mas para isso preciso de capital”, pondera. Os serviços mais solicitados são: remendos, troca de corrente, freios, troca de câmara, regulagem de eixos e movimento central.

O dono de quitanda com bicicletaria não anda de bicicleta. Atualmente, ele tem uma, mas diz que está encostada em casa. “Como tenho carro, para mim é mais cômodo ir e vir. Mas um dia ainda tomo coragem e pedalo”, diverte-se.

Acompanhe a sessão de fotos (clip) da “Bicicletanda”

 

 

Respostas

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